segunda-feira, 12 de abril de 2010

Olhar indulgente


Em tempos tão atrozes, em que se contempla falta de segurança, grandes catástrofes, tantos dependentes de narcóticos, tantos moradores de rua, enfim tantas vicissitudes, se faz necessário treinarmos mais o nosso olhar do coração.

Tem sido cada vez mais frequentes as mobilizações ante os grandes cataclismas que vem se sucedendo. As inundações em Santa Catarina, no Maranhão, inundações e deslizamentos no Rio de Janeiro... tudo isso em se tratando de Brasil. No cenário internacional tivemos furacões em New Orleans, terremoto no Haiti, tsunami na Tailândia... eventos que causaram comoção generalizada, movimentando auxílio em prol dos herdeiros destas grandes aflições.

Esses momentos já eram aguardados como fruto das grandes devastações promovidas em nome do avanço tecnológico e econômico e que acabaram por lesar terrivelmente o seio da Terra, o que legou um incontornável quadro de desequilíbrio que vem se manifestando cada vez mais severamente.

E como nada passa desapercebido do olhar do nosso Pai Misericordioso, por mais que o evento danoso tome as proporções de uma enorme desgraça, há sempre a oportunidade do despertamento dos nossos corações para auxiliar o nosso próximo, um verdadeiro convite à beneficência, à caridade pura e desinteressada, como forma de realizar o trânsito do amor para dentro dos nossos corações.

Deus em sua infinita sabedoria, utiliza até mesmo os frutos de nossos desregramentos para nos auxiliar a desenvolver o amor divinal, o mesmo amor que o Mestre Jesus nos deu testemunho, o mesmo amor que ele espera que nós desenvolvamos e distribuamos entre nós como exercício diário e contínuo.

Entretanto, agir de maneira amorosa quando somos compelidos pela grande comoção pública, é nada mais do que nossa obrigação moral frente aos recursos dos quais dispomos. É um tanto mais simples dispor de algum montante em pecúnia como donativo pra uma campanha social... mais ainda quando sequer precisamos nos deslocar para efetivarmos a nossa beneficência. Há campanhas em que podemos participar simplesmente pelo teclado do nosso telefone ou do nosso computador... e isso já é alguma coisa, visto que não estamos insensíveis à fragilidade do próximo.

Mas é preciso que treinemos mais o nosso olhar. Todos os dias, ao sair de casa, ao cruzar o primeiro semáforo, está lá, ostensiva e explicitamente exposto, um coração fragilizado clamando por ajuda. Quantos não há que ao pedir esmolas, emitem o texto velado em seus gestos: Olha por mim, olha pra mim? Isso quando falamos do explícito, quando tratamos das crianças que ocupam os sinais, esses órfãos da sociedade; quando tratamos dos moradores de rua; quando tratamos dos narcodependentes...

A estes, quando nos parece impossível ajudar de maneira material, ainda nos resta ao menos a possibilidade de oferecer uma prece do imo do nosso coração, lembrando-os com o carinho que se dirige a um irmão rogando que os céus iluminem aquele coração com muita resignação e obediência... E não há somente isso que se possa fazer! Como cidadãos, nossa cidadania e responsabilidade se estendem ao cumprimento das leis, ao cumprimento dos tributos, ao cultivo dos valores morais e isso inclui efetivamente exercitar nosso poder de fiscalização, vigiar nossa conduta para não incidir em ilegalidade... Segundo a Constituição do Brasil, todos somos responsáveis por guardar e preservar os direitos dos idosos, das crianças, dos portadores de necessidades especiais, ou seja, todos os hipossuficientes.

Mas há ainda aqueles que necessitam de nossa caridade, de nossa beneficência, cuja necessidade vem dissimulada em uma palavra ríspida, um gesto rude, um olhar arrogante... todos estes são caracteres de um coração assolado por dores, sejam estas materiais ou morais, que confrangem um coração endurecido e que deveriam estimular um olhar diferente.

Esse olhar ao qual nos referimos é denominado Indulgência.

Indulgência foi a virtude recomendada por Jesus na passagem da mulher adúltera, que estava prestes a ser lapidada por fariseus quando os mesmos indagaram ao Mestre Amado, o que era lícito se fizesse com ela. Ele placidamente respondeu aos seus irmão que ainda se portavam equivocadamente: - Aquele que está sem pecados, atire a primeira pedra. A sublime exortação teve o condão de reportar os acusadores à condição de acusados. Instados a se colocar no lugar da mulher adúltera, todos desistiram de apedrejá-la pois perceberam que também tinham condutas inapropriadas.

O exercício da indulgência é exatamente colocar-se no lugar do próximo e perceber qual a conduta que desejaríamos que fosse adotada em relação a nós mesmos. Esse exercício é amplamente conhecido em adágio popular, não fazer ao outro o que não queremos que nos façam, e é conhecido como Regra de Ouro.

Embora a indulgência seja uma virtude que impulsiona à excelência na Caridade, nós não a praticamos com a disciplina que deveríamos... É que somos essencialmente movidos pelo esgoismo, sentimento que cultivamos sem esforço e que nos compele a pensar e agir apenas em função de nós mesmos. Assim, ocupando-nos apenas com as nossas preocupações, que tempos reservamos e dedicamos ao nosso próximo.

É Jesus quem nos adverte: "Aqueles que carregam os seus fardos e assistem seus irmãos são os meus bem amados.

Exercitemos esse olhar indulgente na família, no trabalho, nos esportes, sozinho em pensamento... Quandos dirigirem uma ofensa, tentemos retribuir com um gesto terno de compreensão; silenciemos e dirijamos uma prece amorosa pautada na compreensão de quem ao se colocar no lugar inverso percebe que nas mesmas circunstâncias poderia agir de maneira mais desajuizada, e gostarira de receber ao seu turno o mesmo carinho e compreensão. Tentemos viver e execritar a conduta do Cristo de Deus.

A Paz seja conosco.

3 comentários:

  1. O perdão, o olhar do coração, é necessário estarmos sempre atentos e focados no bem, em praticar o bem. O egoísmo, as vezes nos impede de se colocar no lugar do outro, mas é preciso viver na caridade, compreender o irmão. Como é bom o sentimento de carinho recebido após um simples gesto de amor pelo próximo, e esse deve ser objetivo de todos, praticar os ensinamentos do nosso Senhor. Perdoemos as ofensas a nós praticadas e assim quem sabe, estaremos cada vez mais próximo da bondade de Cristo.
    Execelente post. È importante, tentar mostrar o quanto praticar o bem pode ser gratificante.
    Flávia Bianca

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  2. Parabéns pelo blog! iniciativas construtivas são sempre bem vindas. serei leitora assídua!
    um grande abraço!

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  3. Adorei o blog!!
    PARABENS!!

    vou tah aki sempre!!
    PRI

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