quarta-feira, 29 de julho de 2015
Regresso
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Por que Desanimas?*
Ah! como necessitava, naquele instante, de uma palavra que o arrebatasse ao torvelinho de angústia!
Relegado a si mesmo, na solidão do quarto, soluçava com a cabeça dobrada sobre os joelhos, quando notou que leves mão lhe pousavam nos ombros recurvos:
- Meu filho porque desanimas, quando a luta apenas começa? Reergue-te para o trabalho. Fomos chamados para servir. Divino é o amor das almas, laço eterno a ligar-nos uns aos outros para a imortalidade triunfante, mas que será desse dom celeste se não soubermos renunciar? O coração incapaz de ceder em benefício da felicidade alheia, é semente seca que não produz.
- Todos somos filhos do Criador. Não reclamemos daquilo que não nos pode ser dado. Ninguém se faz amado através da exigência. Dá tudo! Aqueles que desejamos ajudar ou salvar nem sempre conseguem compreender, de pronto, o sentido de nossas palavras, mas podem ser inclinados e arrastados à renovação por nossos atos e exemplos. Em muitas ocasiões, na Terra, somos esquecidos e humilhados por aqueles a quem nos devotamos, mas se soubermos perseverar na abnegação, acendemos no próprio espírito o abençoado lume com o que lhes clarearemos a estrada além do sepulcro... Tudo passa no mundo... Os gritos da mocidade menos construtiva transformam-se em música de meditação na velhice! Amparemos os que são nossos irmãos na Eternidade, mas não te proponhas a escravizar quem quer que seja ao seu modo de ser! Monstruosa seria a árvore que se pusesse a devorar o próprio fruto; condenável seria a fonte que tragasse as próprias águas! Os que amam, sustentam a vida e nela transitam como heróis, mas os que desejam ser amados não passam muitas vezes de tiranos cruéis... Levanta-te! Ainda não sorveste todo o cálice. Além disso, a igreja, a casa de Jesus, a nossa casa, espera por ti... Os que lhes batem à porta, consternados e desiludidos, são nossos familiares igualmente... Esses velhos desamparados que nos procuram tiveram pessoas que lhes dilaceraram o coração... Esses doentes que apelam para a nossa capacidade de auxiliar conheceram, de perto, a meninice e a graça, a beleza e a juventude!... Nossas dores, meu amigo, não são únicas. E o sofrimento é forja purificadora, onde perdemos o peso das paixões inferiores, a fim de nos alçarmos à vida mais alta... Quase sempre é na câmara escura da adversidade que percebemos o raio da Inspiração Divina, porque a saciedade terrestre costuma anestesiar-nos o espírito...
- Amigo, procure-a, com a lâmpada acesa do amor, nos desamparados, e o Senhor abençoar-te-á, convertendo-te a amargura em paz do coração... Ergue-te e aguarda de pé a luta dentro da qual orientarás àqueles que mais amas...
- Não te rendas ao sopro frio do infortúnio, nem creias do poder do cansaço... Que seria de nós se Jesus, entediado de nossos erros, se entregasse à fadiga inútil? Ainda que o corpo se recolha às transformações da morte, mantém-te firme na fé e no otimismo... O túmulo é penetração na luz de novo dia para quantos atravessam a noite com a visão da esperança e do trabalho.
- Filho, não aguardes, por agora, senão renúncia e sacrifício... Jesus até hoje não foi compreendido, mesmo por muitos que se dizem seus seguidores. Auxilia, perdoa e espera!... As vitórias sublimes do espírito brilham além da carne.
Ele então osculou-lhe os cabelos, na atitude de um pai que se despede de um filhinho, antes de adormecer, e, recuando até a saída, dirigiu-lhe um comovedor adeus. Lá fora, a noite esmaltada de estrelas embalava-se de brisas suaves e refrescantes.
Aquietou-se então o combalido no leito, com uma sensação de paz somente compreensível por aqueles que vencem em si mesmo os grandes combates do coração.
* Extraído e adaptado da obra de Emannuel, Ave Cristo, pags. 132 a 135.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Visita Interior
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Andrajos
Pai Amantíssimo de infinita misericórdia,
Hoje Pai amado, estamos aqui apenas oferecendo em sacrifício o nosso egoísmo desmedido e o orgulho desenfreado no altar de nossa existência.
Pai, nós que ainda jornadeamos nas sendas terrenas expurgando os vícios que tisnam nosso espírito, e aperfeiçoando a nossa moral ainda dissoluta, apresentamos nossa vista embotada...
Frente às oportunidades que nos são facultadas, frequentemente não discernimos em consonância com o teu amor inefável e tendemos a nos colocar nos frontispícios de todas as preocupações, esquecendo da nossa família, dos nossos amigos e inimigos, dos célebres desconhecidos que partilham a existência conosco... preferimos a conivência com o estado de penúria que os recobrem, para não enodoarmos nossos trajes com as sujidades dos seus andrajos...
E os verdadeiros andrajos são aqueles que nos recobrem o espírito de lama e turvam o nosso coração no espinheiro da indiferença. Andrajos são aqueles que envergamos ao manifestar nossa vaidade, nossa cupidez, nossa avareza, nossa mesquinhez...
Perdoa-nos pai, porque frequentemente esquecemos que os últimos serão os primeiros, que os humildes serão exaltados e que as vestes radiosas escondem nossas sujidades interiores.
Perdoa-nos, apenas por acréscimo de misericórdia, pois nem somos dignos do sofrimento benfazejo que tu nos permites frente a nossa indigência moral.
Perdoa-nos sempre pois ainda estamos longes de ser teus filhos radiosos de luz e amor.
Assim seja.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
O Fim dos Tempos
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Caridade, caminho para fraternização da humanidade.
Como tem sido difícil contemplar as mazelas em que estão envoltos os nossos irmãos... Bem pior é a constatação de que nada temos feito no sentido de atenuar essas misérias, e a despeito disso temos contribuído sim, para a perpetuação destes sofrimentos, esquecidos do nosso compromisso com a coletividade da qual fazemos parte.
Somos movidos por nosso egoísmo inclemente, que nos incita a perceber apenas os interesses que orbitam à nossa volta, concorrendo apenas para o conforto próprio, esquecidos dos que nos batem à porta do coração.
Se fizermos um ligeiro exame de consciência, descobriremos em nós toda a hipocrisia que temos cultivado nos recônditos sombrios do nosso coração. Frequentemente tecemos as mais ácidas críticas no que concerne às desigualdades sociais, à fome, à miséria, ao desemprego, à má-distribuição de renda, à falta de saneamento, à degradação ambiental... E nós ? o que temos feito pra mudar esse quadro? Antecipadamente posso responder que nada de efetivo... o que nos apraz, e quando apraz, é jogar alguns vinténs a um esmoler, sem sequer considerar o que poderia fazer de mais efetivo em seu auxílio.
Nos é muito mais cômodo atribuir toda a responsabilidade e o ônus dos problemas aos poderes constituídos, achando que o desempenhar das funções inerentes à Administração Pública consiste em reformar toda a sociedade incontinenti, por força de decretos e leis.
Não é.
É preciso que reformemos toda a nossa consciência, passando a nos percebermos como artífices desta mudança premente, que já se iniciou por força de circunstâncias calamitosas. As grandes comoções, que vem se reproduzindo em toda a face da Terra, tem incitado, ou senão compelido, a humanidade rumo à fraternização. Nestes eventos a solidariedade irrompe do mais fundo do nosso espírito, em forma de orações, lágrimas, provocando o despertamento dos nossos sentimentos mais nobres.
Entretanto, isso não é o suficiente...
Nada somos neste reino, senão depositários das graças de Deus. E o dever nos compele a dizer que como depositários, somos perdulários e infiéis. Deus, nosso Pai Misericordioso, nos agraciou com dons incalculáveis e preciosíssimos, esperando que experimentando e exercitando o trabalho nobilitante, os desenvolvamos à altura dos misteres que a vida de homem de bem nos exige.
Nada do que possuimos em excesso nos pertence. Todos os recursos além dos necessários à subsistência, devem ser destinados a utilização caritativa. O que porventura nos é dado a mais, nos é concedido apenas porque, se presume saibamos utilizá-los com maior eficácia em prol dos menos afortunados. O móvel do nosso supérfluo, tem utilidade para os desfavorecidos. O que nos sobra é essencial para o próximo. Fomos criados à imagem e semelhança do Nosso Pai Celestial, Ele dos deu um exemplo vivo de amor por intermédio do nosso Mestre Jesus, tudo isso pra nos inspirar ao aperfeiçoamento moral. Ele quer que sigamos o Seu exemplo.
É necessário nos questionarmos a todos os momentos sobre o que podemos fazer para amenizar o sofrimento do próximo... O Cristo de Deus nos deu o exemplo, quando o peso da sua cruz foi dividido com o Cireneu... Ergamos a cruz dos nossos irmãos! Afinal, foi pra isso que Deus nos deu braços fortes. Usemos nossa inteligência, nossa erudição, nossa intelectualidade para aliviar o nosso próximo, afinal aí reside a máxima "Amar ao próximo como a si mesmo". Não enterremos, e a contrário disto, desenterremos e aperfeiçoemos os nossos talentos no exercício da Caridade; busquemos na face do nosso próximo a face do Cristo de Deus; amemos a fim de sermos muito amados.
Sejamos gratos por todos os recursos materiais de que nos foram facultados com o propósito de utilização responsável no campo do progresso moral. Não é demais lembrarmos que a utilização adequada destes é responsabilidade nossa conquanto é o nosso alvitre que determina os seus fins .
A Paz seja conosco.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Bençãos Indistintas
Como filhos do mesmo Pai Celeste tenhamos a certeza de que a isonomia, a igualdade alardeada aos quatro ventos, que fez ruir os sistemas sectaristas do escravagismo e do nazismo enquanto políticas institucionais legítimas. É ainda corolário do amor de Deus por nós. Independente das características fenotípicas ou genotípicas que possamos vir a apresentar, as bençãos que nosso Amado e Misericordioso Deus derrama sobre nós, não é exclusiva àqueles que professam quaisquer das crenças que se intitulam salvadoras.
Diariamente temos visto que, as vicissitudes, assim como as bençãos, são facultadas à todos os seres humanos. A humanidade em marcha tem demonstrado que as lições do inefável mestre Jesus, tendo sido pouco praticadas e apesar de mais vigentes e atuais do que nunca, tem encontrado pouca o nenhuma ressonância nos corações.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Olhar indulgente
Tem sido cada vez mais frequentes as mobilizações ante os grandes cataclismas que vem se sucedendo. As inundações em Santa Catarina, no Maranhão, inundações e deslizamentos no Rio de Janeiro... tudo isso em se tratando de Brasil. No cenário internacional tivemos furacões em New Orleans, terremoto no Haiti, tsunami na Tailândia... eventos que causaram comoção generalizada, movimentando auxílio em prol dos herdeiros destas grandes aflições.
Esses momentos já eram aguardados como fruto das grandes devastações promovidas em nome do avanço tecnológico e econômico e que acabaram por lesar terrivelmente o seio da Terra, o que legou um incontornável quadro de desequilíbrio que vem se manifestando cada vez mais severamente.
E como nada passa desapercebido do olhar do nosso Pai Misericordioso, por mais que o evento danoso tome as proporções de uma enorme desgraça, há sempre a oportunidade do despertamento dos nossos corações para auxiliar o nosso próximo, um verdadeiro convite à beneficência, à caridade pura e desinteressada, como forma de realizar o trânsito do amor para dentro dos nossos corações.
Deus em sua infinita sabedoria, utiliza até mesmo os frutos de nossos desregramentos para nos auxiliar a desenvolver o amor divinal, o mesmo amor que o Mestre Jesus nos deu testemunho, o mesmo amor que ele espera que nós desenvolvamos e distribuamos entre nós como exercício diário e contínuo.
Entretanto, agir de maneira amorosa quando somos compelidos pela grande comoção pública, é nada mais do que nossa obrigação moral frente aos recursos dos quais dispomos. É um tanto mais simples dispor de algum montante em pecúnia como donativo pra uma campanha social... mais ainda quando sequer precisamos nos deslocar para efetivarmos a nossa beneficência. Há campanhas em que podemos participar simplesmente pelo teclado do nosso telefone ou do nosso computador... e isso já é alguma coisa, visto que não estamos insensíveis à fragilidade do próximo.
Mas é preciso que treinemos mais o nosso olhar. Todos os dias, ao sair de casa, ao cruzar o primeiro semáforo, está lá, ostensiva e explicitamente exposto, um coração fragilizado clamando por ajuda. Quantos não há que ao pedir esmolas, emitem o texto velado em seus gestos: Olha por mim, olha pra mim? Isso quando falamos do explícito, quando tratamos das crianças que ocupam os sinais, esses órfãos da sociedade; quando tratamos dos moradores de rua; quando tratamos dos narcodependentes...
A estes, quando nos parece impossível ajudar de maneira material, ainda nos resta ao menos a possibilidade de oferecer uma prece do imo do nosso coração, lembrando-os com o carinho que se dirige a um irmão rogando que os céus iluminem aquele coração com muita resignação e obediência... E não há somente isso que se possa fazer! Como cidadãos, nossa cidadania e responsabilidade se estendem ao cumprimento das leis, ao cumprimento dos tributos, ao cultivo dos valores morais e isso inclui efetivamente exercitar nosso poder de fiscalização, vigiar nossa conduta para não incidir em ilegalidade... Segundo a Constituição do Brasil, todos somos responsáveis por guardar e preservar os direitos dos idosos, das crianças, dos portadores de necessidades especiais, ou seja, todos os hipossuficientes.
Mas há ainda aqueles que necessitam de nossa caridade, de nossa beneficência, cuja necessidade vem dissimulada em uma palavra ríspida, um gesto rude, um olhar arrogante... todos estes são caracteres de um coração assolado por dores, sejam estas materiais ou morais, que confrangem um coração endurecido e que deveriam estimular um olhar diferente.
Esse olhar ao qual nos referimos é denominado Indulgência.
Indulgência foi a virtude recomendada por Jesus na passagem da mulher adúltera, que estava prestes a ser lapidada por fariseus quando os mesmos indagaram ao Mestre Amado, o que era lícito se fizesse com ela. Ele placidamente respondeu aos seus irmão que ainda se portavam equivocadamente: - Aquele que está sem pecados, atire a primeira pedra. A sublime exortação teve o condão de reportar os acusadores à condição de acusados. Instados a se colocar no lugar da mulher adúltera, todos desistiram de apedrejá-la pois perceberam que também tinham condutas inapropriadas.
O exercício da indulgência é exatamente colocar-se no lugar do próximo e perceber qual a conduta que desejaríamos que fosse adotada em relação a nós mesmos. Esse exercício é amplamente conhecido em adágio popular, não fazer ao outro o que não queremos que nos façam, e é conhecido como Regra de Ouro.
Embora a indulgência seja uma virtude que impulsiona à excelência na Caridade, nós não a praticamos com a disciplina que deveríamos... É que somos essencialmente movidos pelo esgoismo, sentimento que cultivamos sem esforço e que nos compele a pensar e agir apenas em função de nós mesmos. Assim, ocupando-nos apenas com as nossas preocupações, que tempos reservamos e dedicamos ao nosso próximo.
É Jesus quem nos adverte: "Aqueles que carregam os seus fardos e assistem seus irmãos são os meus bem amados.
Exercitemos esse olhar indulgente na família, no trabalho, nos esportes, sozinho em pensamento... Quandos dirigirem uma ofensa, tentemos retribuir com um gesto terno de compreensão; silenciemos e dirijamos uma prece amorosa pautada na compreensão de quem ao se colocar no lugar inverso percebe que nas mesmas circunstâncias poderia agir de maneira mais desajuizada, e gostarira de receber ao seu turno o mesmo carinho e compreensão. Tentemos viver e execritar a conduta do Cristo de Deus.
A Paz seja conosco.